sábado, 27 de setembro de 2014

FATORES DE RISCO AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL



Os primeiros anos de vida marcam, além da aquisição e utilização da linguagem, os avanços motores, cognitivos e sociais. Esses primeiros anos são também primordialmente especiais na formação da personalidade. Este desenvolvimento está associado a fatores genético-biológicos, ambientais, socioeconômicos e culturais.
Quando esses fatores não são satisfatórios acabam por exercer influencias negativas no desenvolvimento global da criança ocasionando riscos que podem culminar em distúrbios do desenvolvimento, comprometendo de forma geral a saúde da criança nos aspectos cognitivos, sociais, educacionais, lingüísticos e psicológicos.






Por esse motivo o conhecimento dos fatores que influenciam negativamente e, portanto se tornam fatores de riscos ao desenvolvimento infantil são praticamente obrigatórios aos profissionais que atuam diretamente com a criança, além deste conhecimento é necessário que esses profissionais reconheçam esses fatores a fim de proporcionarem a criança um olhar preventivo e quando necessário a intervenção precoce com o objetivo de minimizar os efeitos nocivos ao desenvolvimento, portanto é imprescindível a atuação primaria de atenção a saúde da criança, reconhecendo a importância da promoção dos fatores protetivos do desenvolvimento, pois a máxima “é melhor prevenir do que remediar” se faz uma verdade absoluta e universal no que diz respeito ao desenvolvimento infantil, indo de encontro com a concepção do nosso Sistema de Saúde de priorizar a saúde e não a doença.



A intervenção feita a partir desta triagem de riscos pode oferecer um melhor rendimento se for precocemente realizada, pois diversas pesquisas demonstram que prevenir problemas durante a infância exerce efeitos benéficos por toda a vida do ser humano, pois quanto mais tarde a intervenção, menos bem sucedida será.

Sob a ótica fonoaudiológica, a identificação e tratamento precoces de crianças de riscos para o desenvolvimento minimizam a vulnerabilidade a comorbidades como atrasos de linguagem e distúrbios de aprendizagem e conseqüentemente possibilitando melhor rendimento, este seria o trabalho do profissional do desenvolvimento infantil que atua na atenção primaria.

Do ponto de vista biológico, podemos entender como fatores preventivos e de promoção a realização dos exames pré-natais, o aconselhamento pré-natal a assistência ao parto, assistência neonatal, a triagem neonatal (teste do pezinho, da orelhinha), todos esses fatores contribuem significativamente para a redução de condições incapacitantes de base biológica ou pelo menos a detecção precoce.

Em relação aos fatores ambientais, os pais e familiares são os maiores responsáveis pelo bom desenvolvimento dos seus filhos, a importância das primeiras relações na vida de um bebê são à base do seu desenvolvimento, portanto a relação mãe - bebê e suas interações com a figura materna são o mais forte vínculo e exercem grandes influencia no desenvolvimento emocional e psíquico, sendo possível identificar indícios de riscos a partir desta relação a fim de intervir, pois esta é a fase onde o psiquismo e a subjetividade da criança estão em pleno desenvolvimento, e é o cuidado da mãe com este bebê e a satisfação das suas necessidades, ou seja, alimentação,  afeto,  carinho, o olhar, o diálogo, que irão possibilitar que o bebê construa sua noção de mundo e  sua identidade, para isso essa mãe precisa se doar não somente com seu corpo, mas com seu desejo, e esse filho precisa ter um lugar na vida dela  para que possa transmitir a ele os valores simbólicos e culturais,  que vão além de simples práticas maternais.







Do ponto de vista socioeconômico, configura-se como um dos mais preocupantes para o desenvolvimento infantil, a baixa renda familiar, que muitas vezes priva a criança da aquisição de bens e serviços de saneamento básico, alimentação, moradia e outros fatores imprescindíveis ao desenvolvimento e a saúde mental. As crianças que vivem em países em desenvolvimento estão expostas a vários riscos como o de nascerem de gestações desfavoráveis e ou incompletas e o de viverem em condições socioeconômicas adversas. Tal cadeia de eventos negativos faz com que essas crianças tenham maior chance de apresentar atrasos em seu potencial de crescimento e desenvolvimento. Por esta razão, o impacto de fatores biológicos, psicossociais e ambientais no desenvolvimento infantil tem sido objeto de inúmeros estudos.


As características biológicas tem sido há muito tempo as principais determinantes de atraso intelectual na população infantil, isso se faz verdadeiro para crianças gravemente comprometidas, ou seja, existem, como citado anteriormente outros fatores que põem em risco ou promovem o desenvolvimento infantil. Sameroff e Chandler (apud Halpern ET al, 2000) descrevem o “modelo transacional” de desenvolvimento, que relacionam entre si os efeitos da família, do ambiente e da sociedade sobre o desenvolvimento humano, segundo este modelo, problemas biológicos podem ser modificados por fatores ambientais, e determinadas situações de vulnerabilidade podem ter etiologia relacionadas com fatores sociais do meio ambiente.

Por esse motivo, os profissionais que lidam com a primeira infância, devem estar atentos a todos os fatores que podem favorecer ou dsefavorecer o desenvolvimento infantil, a fim de prevenir e intervir precocemente para minimizar possíveis comprometimentos. uma  intervenção terapêutica precoce juntamente com os cuidados familiares, o afeto e o acolhimento, podem transformar a realidade de uma criança.



Resenha de 
Michelle Fernandes







HALPERN, Ricardo; Giugliani, Elsa, R, J; VICTORA, Cesar G; BARROS, Fernando C; HORTA, Bernardo L. Fatores de risco para suspeita de atraso no desenvolvimento psicomotor aos 12 meses de vida. Artigo original, Jornal de Pediatria, 2000.
MAIA, Juliani M D; WILLIAMS, Lucia C A. Fatores de risco e fatores de proteção ao desenvolvimento infantil: uma revisão de área. Temas Psicol. V 13 n.2 Ribeirão Preto, dez. 2005.


OLIVEIRA, Luciele D; FLORES, Mariana R; SOUZA, Ana Paula R. Fatores de risco psíquico ao desenvolvimento infantil: implicações para fonoaudiologia. Revista CEFAC, São Paulo, 2011.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

21 maneiras de perguntar ao seu filho: " Como foi a escola hoje?" sem perguntar:" Como foi a escola hoje"?



Todos os dias os pais perguntam: Como foi a escola hoje? E as crianças respondem: LEGAL ou NORMAL...  e pronto.




Eu sei que todos gostariam de saber mais sobre o dia a dia das crianças na escola na versão delas, como por exemplo, com quem brincaram, o que aprenderam, o que fizeram, do que riram.... e outras coisas mais. Então, achei um artigo sobre isso e juntei com minhas ideias pra ajudar aos pais neste exercício diário de diálogo com os pequenos, que além de ser um ótimo facilitador de comunicação é também uma maneira de saberem a visão que a criança tem dos acontecimentos da escola e as vezes detectarem  se estão passando por alguma dificuldade, se estão com problemas com algum amigo ou  se ficaram isolados no recreio, e o porquê, etc.




Podemos começar assim: 

Qual foi a melhor coisa que aconteceu hoje na escola?

Qual foi a pior coisa que aconteceu hoje na escola?

Alguém ou alguma coisa te fez rir?

Se você pudesse escolher, com quem sentaria ao lado na sala? E com quem não sentaria? Por quê?

Qual é o lugar mais legal da escola?

Conte-me uma coisa nova que você aprendeu?

O que você fez pra ajudar a turma hoje?

Qual momento da aula você achou chato?

 Com quem você gostaria de brincar no recreio que você nunca brincou antes?

 Conte-me uma coisa muito legal que aconteceu no recreio?

Qual foi a palavra que sua professora mais falou?

 O que você acha que deveria  fazer ou aprender mais na escola?

O que você acha que deveria fazer menos ou não fazer na escola?

 De que você  brincou no recreio? E com quem?

 Quem é a pessoa mais engraçada na sua sala? Por quê?

 O que você mais gostou no lanche?

 Se você fosse a professora, o que você faria amanhã?

 Com quem na sua classe você acha que poderia ser mais gentil? Por quê?

Alguém ou alguma coisa te surpreendeu hoje?

Em que momento você ficou triste? Por quê?

Você fez algum amigo rir ? E chorar? Conte-me.



São só algumas dicas. Adaptem ao seu dia a dia, e o mais importante: não vão bombardear a criança com todas as perguntas e com milhões de porquês, até porque no inicio as crianças não estão acostumadas a falarem do seu dia a dia, muitas dizem “sei lá!” “Esqueci!”. Respeitem o tempo delas e também suas individualidades, tem coisas que a criança não vai querer contar mas não fiquem preocupados, observem  o seu comportamento e estejam sempre em contato com a escola, eles sinalizarão se houver algum problema e não percam  o hábito do diálogo.


Boa sorte.

Michelle Fernandes

Adaptado do site: www.simplesimonandco.com








segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Inteligência Emocional na Infância



 As crianças são constantemente testadas e preparadas para ler, escrever e calcular. 

Essas habilidades cognitivas são basicamente centrais na educação infantil, porém, exitem outras habilidades não cognitivas ou não intelectuais que são vitais ao desenvolvimento infantil, por exemplo, a Inteligência Emocional( IE).

A IE é definida como uma habilidade em reconhecer, discriminar e lidar com as próprias emoções e as de outras pessoas. Esta é uma habilidade de grande importância no desenvolvimento saudável de relações interpessoais e intrapessoais.

Os componentes das habilidades sócio-emocionais ou Inteligência Emocional ( IE) são:

1) Habilidade de identificar, reconhecer e gerenciar seus próprios sentimentos e relacioná-los a comportamentos, palavras e ações.

2) Reconhecer as emoções e comportamentos de outras pessoas, criando experiências de empatia.

3) Formar e manter relações, reconhecendo que cada relacionamento está dentro de um  contexto e isto inclui ter habilidade de aprender a trabalhar como parte de cada grupo.

Existem várias maneiras de ensinarmos uma criança, mesmo as pequenas, a ter uma inteligência sócio-emocional, ou Inteligência Emocional ( IE) tanto a partir de nossas próprias experiências ou através de eventos que ocorrem ao redor ( histórias, filmes, desenhos), o importante é que seja de forma natural e que a criança tenha um exemplo positivo a seguir ( ou seja, os pais devem dar o exemplo).

Algumas dicas:

Fale  sempre com a criança sobre seus sentimentos no seu dia a dia, fale a ela como você se sente. Pergunte-a como ela se sente. Pergunte-a o que outras pessoas sentiriam. Mostre-a como as expressões faciais e corporais se relacionam às emoções, e chame a atenção pra esse tipo de comunicação quando ocorrer no dia a dia.

Ajude-a a construir uma lista de palavras que descrevam emoções e sentimentos, e ajude-a a identificar o que estão sentindo. Muitas vezes a criança muda seu comportamento apenas para sinalizar que estão sentindo algo que ainda não sabem nomear ou lidar, dê a ela a oportunidade de descobrir e mostre o quanto é normal ter alguns sentimentos. 
Ex.: O que você está sentindo é raiva por isso está nervoso ou estressado, é normal sentir raiva, eu também sinto as vezes.



Estimule a criança a todos os dias fazer um desenho de como está se sentindo, ou para as que já sabem escrever, peça que escrevam uma frase ou uma palavra que descreva sua emoção e sentimento naquele dia, isto é uma ótima oportunidade para debaterem sobre o tema, seria muito importante fazer disso um momento em família onde possam conversar sobre o que sentiram no dia. 



A partir dessas idéias, criem suas rotinas e saibam que crianças que sabem lidar com habilidades sociais e emocionais se tornarão adultos mentalmente e socialmente saudáveis, tendo impactos positivos em todas as áreas da vida.

Michelle Fernandes.





sábado, 6 de setembro de 2014

10 coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse.


1) Eu sou, antes e acima de tudo, uma criança. Tenho autismo. O autismo é apenas um aspecto do meu ser, não me define como pessoa.

2) Minhas percepções sensoriais são desordenadas. Isso significa que as imagens, sons, cheiros, gostos e sensações táteis cotidianas que você pode nem perceber, podem me causar dor ou incômodo.

3) Lembre-se de distinguir o não fazer ( eu escolho não fazer) de o não poder fazer ( eu não consigo fazer). Não é que eu não preste atenção nas instruções, eu não consigo compreendê-las. Por isso, venha falar diretamente comigo usando palavras claras.

4) eu penso de forma rígida ( sou um "pensador concreto"). Eu interpreto a linguagem de dorma muito literal. Para mim é muito confuso ouví-la dizer: " Pise no breque, motorista!" Quando na verdade você está querendo dizer: " Por favor, pare de correr. "

5) Por favor, tenha paciência com meu vocabulário limitado. É difícil fazer o que preciso quando não conheço as palavras para descrever meus sentimentos. Fique atento a linguagem corporal, isolamento, agitação ou outros sinais que indicam que há algo errado.

6) Como a linguagem é mais difícil pra mim, sou mais orientado pelo sentido da visão. Mostre-me como fazer alguma coisa ao invés de apenas me dar uma ordem. E, por favor, esteja preparado para mostrar- me muitas vezes como fazer alguma coisa. Repeticções constantes ajudam-me a aprender.

7) Por favor, concentre-se naquilo que eu posso fazer não no que eu não posso. Procure meus pontos fortes e você irá encontrá-los. Há uma maneira " certa" de se fazer a maioria das coisas.

8) Por favor, ajude-me com as interações socias. Pode parecer que não quero brincar com as outras crianças no parquinho. Mas as vezes o problema é que simplesmente não sei puxar conversa ou entrar em uma brincadeira. Se você puder encorajar as outras crianças para brincar, posso ficar bem feliz em ser incluído.

9) Tente identificar minhas crises nervosas. Ocorrem geralmente porque um ou mais dos meus sentidos foram sobrecarregados. Tente lembrar-se que todo comportamento é uma forma de comunicação, e lhe informa como percebo o que está acontecendo no meu ambiente quando não consigo fazê-lo através de palavras.

10) Procure ver o meu autismo como uma habilidade diferente ao invés de uma deficiência. Veja além daquilo que você entende como limitações e veja os dons que o autismo me deu.

Espero que essas dicas possam esclarecer muitas duvidas a cerca do autismo por parte de professores, profissionais , familiares ou qualquer pessoa que conviva ou não com uma criança autista!

Fonte: Manual de Orientações sobre Transtornos do Espectro do Autismo na Educação Infantil.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Como ter um filho folgado.

Você é daqueles  que sonham  em ter um filho preguiçoso, mas não sabe como?  Não se preocupe, é mais fácil do que imagina. Na maioria dos casos, basta seguir suas inclinações naturais. Preste atenção:

Passo 1 :  Jamais aceite ajuda do seu filho

 Recuse sua ajuda nas tarefas domésticas. Quando ele pegar uma vassoura, todo solícito, para limpar aquelas migalhinhas no chão, reaja com indignação,  tome os utensílios das mãos dele e diga : "Caramba, desse jeito você vai espalhar ainda mais a sujeira! Me dê a vassoura, eu mesmo limpo isso!" .
Deixe claro que ele realmente não pode fazer nada de útil para ajudá-lo. Dispense toda e qualquer solicitude nesse sentido.
E não esqueça de dizer sempre: "Você não sabe fazer direito! Só  me atrapalha!"

Passo 2:  Faça por seu filho o que ele já pode fazer por si mesmo.

E daí se ele já sabe amarrar os cadarços? E daí se ele  tem coordenação motora para segurar uma colher? Amarre os cadarços e dê comida na boca  do coitadinho. Você faz mais rápido e melhor. E ainda tem uma vantagem: com você não tem lambança na hora do papá. Lembre-se: a vida já é muito corrida. Não dá pra perder tempo ensinando o pequeno a comer sozinho, a guardar os brinquedos e tirar o próprio prato da mesa.  Então faça tudo por ele, colega!

 Passo 3 - Destrua a iniciativa e a autoconfiança

Faça  as tarefas escolares e monte quebra-cabeças por ele.
Entregue logo as respostas de bandeja pro menino! Dite as redações e histórias que ele tem de escrever. E determine até como ele tem de brincar com seus brinquedos: "Não, Pedro. Esse brinquedo não é para empilhar. É para fazer assim, ó". Agora além de ter preguiça de agir, ele também terá preguiça de pensar.
Agindo assim você vai criar um tremendo acomodado. E como sabemos, acomodação não combina com genialidade. Gênios vão à luta e não desistem. Fazem muitas perguntas e perseguem incansavelmente as respostas. Mas você não ia querer um filho assim, não é?

Moral: Seu filho é seu tesouro. Poupe-o de toda e qualquer responsabilidade. Assim, quando a adolescência chegar,  ele fará exatamente aquilo que foi treinado a fazer: nada.

Fonte: ensineseubebe.blogspot.com. br

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Dia mundial da Voz: 16 de Abril.


Campanha Seja Amigo da Voz 2013 ressalta a importância dos cuidados com a voz em todas as fases da vida, do recém-nascido ao idoso




“Em todos os ciclos da vida, Seja Amigo da sua Voz!” Este é o tema central da campanha Seja Amigo da Voz, que a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) promoverá em 2013, em razão do Dia Mundial da Voz (16 de Abril). Essa data é comemorada, no Brasil, pelo 14º ano consecutivo - o país foi o pioneiro na iniciativa. Como o tema, a Sociedade quer disseminar a importância dos cuidados com a voz em todas as fases da vida, do recém-nascido ao idoso. “A Campanha da Voz deste ano visa promover a prevenção de doenças vocais e indicar os cuidados específicos em cada fase da vida”, diz a fonoaudióloga Maria Lúcia Dragone, Coordenadora do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), Irene Marchesan, a voz tem papel fundamental na vida das pessoas e a Sociedade quer cada vez mais disseminar atitudes saudáveis que conscientizem a população. “Campanhas como esta são importantes alertas que podem ajudar a identificar sintomas, favorecer o diagnóstico precoce de distúrbios vocais e indicar os melhores caminhos para o tratamento, o mais antecipado possível”.

Desde os primeiros choros e risos do bebê, o som produzido já traz formas distintas de comunicação: dor, cansaço, ou satisfação. É uma forma humana de iniciar e manter contato com os outros, de satisfazer suas necessidades e de controlar o seu mundo. “Nas crianças bem novinhas já é possível identificar problemas na laringe que podem interferir negativamente no desenvolvimento vocal e comunicativo da criança no futuro”, ressalta Maria Lúcia Dragone.

Para Andréa Alves Maia, fonoaudióloga e especialista em voz, é indispensável entendermos que um distúrbio vocal na infância pode promover um efeito negativo na criança. “Isto pode impactar na sua eficiência comunicativa, no seu desenvolvimento social e educacional e na participação nas suas atividades escolares em grupo”. Andréa explica que estudos[1]¹ internacionais apontam que 36% das crianças apresentam distúrbio vocal, sendo mais prevalente na faixa etária entre os 5 e 10 anos de idade. “É muito importante que desde a infância os pais eduquem os filhos para o bom uso da voz, sem o uso de forte intensidade, grito e emissão de sons que exigem muita força para serem produzidos”.

É na adolescência, dos 10 anos aos 19 anos, que ocorrem as grandes mudanças vocais. Essas são decorrentes de alterações hormonais que transformam a laringe infantil em adulta. [2]Estudos mostram que quanto maior a alteração vocal em adolescentes, maior o impacto na sua qualidade de vida. Já em relação ao impacto da personalidade na voz, é possível observar que adolescentes tímidos apresentaram maior número de sintomas emocionais, maior comprometimento na qualidade de vida relacionada com a voz e uma menor quantidade de fala do que nos não tímidos.

A fonoaudióloga Anna Alice Figueirêdo de Almeida, vice-coordenadora do Departamento de Voz da SBFa, lembra que “a muda vocal e os problemas da voz em geral merecem destaque, pois é a partir da sua voz que o adolescente poderá se comunicar, se expressar e se desenvolver em seu meio social, seja na escola ou na busca pelo primeiro emprego”. Anna Alice explica que a atuação de um fonoaudiólogo poderá estimular a compreensão, a expressão, a criatividade e a percepção por meio da comunicação.

Na fase adulta, um dos aspectos mais marcantes é a vida profissional. Independente da atividade que se exerça, os cuidados com a voz são fundamentais no dia a dia, por ser um dos fatores que podem influenciar positiva ou negativamente, seja em reuniões em uma empresa ou até mesmo na busca por novas recolocações no mercado de trabalho. Em algumas áreas profissionais, os cuidados com a voz são ainda mais necessários, pois se trata do instrumento de trabalho. É o caso de atores, jornalistas (radialistas, apresentadores/âncoras), cantores, profissionais de telesserviços, professores, religiosos, dentre outros profissionais.

Uma das profissões mais afetadas no uso da voz é a que envolve profissionais da educação. Um levantamento nacional, com 3.265 professores da rede pública e privada, feito pelo Centro de Estudos da Voz, pelo Sinpro - SP (Sindicato dos Professores da Rede Particular) e pela Universidade de Utah (EUA), revelou que o absenteísmo de cinco dias por ano é em decorrência de problemas com a voz.

Fechando o ciclo, a fonoaudióloga Ligia Motta, doutoranda em Gerontologia Biomédica, enfatiza a importância de ser amigo da voz na idade adulta, mas, sobretudo na terceira idade. Nesta fase, os cuidados com a saúde, resistência e aprimoramento da voz são fundamentais para desenvolver a plasticidade vocal. “Ao longo da vida, devemos nos ater ao uso adequado da voz. Podemos prevenir contra as doenças laríngeas, que comprometerão a longevidade vocal, que mostrará seus efeitos durante o nosso envelhecimento, quando também temos o dever de nos proporcionar uma boa qualidade de vida”, alerta a especialista.

A Campanha “Em todos os ciclos da vida, Seja Amigo da sua Voz!”, acontece no próximo dia 16 de Abril, com diversas atividades em todo o país.

Para mais informações, acesse o site da Campanha da Voz: http://www.sbfa.org.br/campanhadavoz


Sobre a SBFa

Há 30 anos a fonoaudiologia foi oficialmente reconhecida no Brasil (Lei 6.965/81) e há pouco mais de duas décadas foi criada a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa). Com o decorrer dos anos houve a ampliação da articulação do setor com as instituições públicas, como os Ministérios da Saúde e Educação, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

No biênio 2004/2005, foram planejadas as oficinas de sensibilização de docentes e discentes para o SUS, com aprovação do projeto e o financiamento do Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde.

Os princípios fundamentais da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia são a identidade e exercício profissional, a representatividade nacional e internacional e a modernização da estrutura da sociedade.

Site: http://www.sbfa.org.br

Quer saber mais sobre a voz? 
Acesse: http://www.sbfa.org.br/portal/pdf/faq_voz.pdf

Acompanhe as Redes Sociais da SBFa:

Fonte: Segs

Cerca de 20% das crianças de até 5 anos tem dificuldades para ouvir

Retirado do blog: fonodanischepi.blogspot.com.br

Um quinto das crianças de até 5 anos tem dificuldades para ouvir, de acordo com estudo

Cerca de 20% das crianças em idade pré-escolar - entre 1 e 5 anos - apresentam algum nível de perda auditiva. No grupo que já frequentava a escola - entre 6 e 12 anos -, a incidência de problemas de audição é de 6%. Os dados estão em estudo, feito no Rio, entre outubro de 2010 e março deste ano, que avaliou 433 crianças até 12 anos. O trabalho serve de alerta a pais e médicos.

"Este resultado mostra que é preciso ter mais cuidado na investigação auditiva em crianças em idade pré-escolar", afirma a autora da pesquisa, a fonoaudióloga Viviane Fontes, acrescentando que a diminuição da capacidade auditiva pode ocorrer por fatores como otites, dores de ouvido, alergias respiratórias, sinusite e rinite crônicas. Além de perfuração de tímpano, caxumba e até pelo uso inadequado do cotonete.

Segundo a fonoaudióloga, as perdas nem sempre são totais, e muitas podem ser revertidas se identificadas logo. Ela alerta que o problema pode comprometer o desenvolvimento da criança: "Nesta fase, o pequeno está adquirindo a linguagem. Não ouvir bem acarreta dificuldade na fala, escrita e aprendizado".

Para piorar, como nesta faixa etária a criança ainda não se expressa bem, há dificuldade de perceber que há um problema. Além disso, a forma de diagnóstico mais comum, a audiometria, é mais eficaz nas crianças mais velhas.

Para diagnosticar as perdas auditivas, o melhor é o teste da orelhinha. "Ele é feito em recém-nascidos, mas pode ser realizado em qualquer idade", frisa Viviane. No Rio, maternidades municipais fazem o teste. Ele pode ser feito ainda nos Centros de Saúde Waldir Franco, em Bangu, e Madre Teresa de Calcutá, na Ilha do Governador.

Atenção

SINAIS
Entre as crianças que podem ter problemas de audição, estão as que falam muito alto, precisam ser chamadas muitas vezes antes de atender e as que ficam muito de boca aberta e coçam muito os ouvidos.

TESTE
Para ter acesso gratuito ao Teste da Orelhinha, basta ir a qualquer unidade de saúde do município e obter encaminhamento para locais que fazem o teste. Até o fim do ano, ele será oferecido em 10 unidades.

Fonte: terra.com

domingo, 7 de abril de 2013

Como o cérebro aprende.



Por 
Norita M. Dastre
Retirado de lumiar-psicopedagogia.blogspot.com.br

O cérebro é um órgão complexo que começa a aprender, segundo os estudos da Neurociência Cognitiva (NC), desde o início da sua formação por meio da sua modificação com as experiências. Aprende através do exercício das habilidades, das necessidades, da motivação, da curiosidade, do interesse, da repetição e das fases inerentes ao desenvolvimento neuro-cognitivo[1].
O córtex cerebral, a complexa “massa cinzenta” que compõe 80% do cérebro humano, é o responsável pela nossa capacidade de recordar, pensar, refletir, comunicar, adaptar às novas situações e planejar o futuro.
Pantano,[2] afirma que ao nascer o bebê já enxerga, ouve, prefere sons agudos, geralmente gosta de formas arredondadas e reconhece a simetria, fatos comprovados cientificamente, por neurocientistas, que contradizem várias crenças sobre as inabilidades dos recém-nascidos.

De acordo com Muszkat [3] (2010), 50% do desenvolvimento cerebral se dá até o primeiro ano de vida. “Por isso, os problemas que ocorrem com a gestante podem ter uma repercussão muito grande na formação do cérebro do feto”. No primeiro ano de vida todas as atividades que estimulem a audição, fala, equilíbrio e controle motor são fundamentais para o processo de aprender durante toda a vida do indivíduo, portanto, pais, cuidadores e professores precisam ter o conhecimento sobre isso.
A fase de maior crescimento, de conexões neurais, de aprendizagem se dá na infância, quando atinge a sua formação completa por volta dos 7-8anos. Esta  fase é crucial, pois é quando as crianças iniciam o seu processo de aprendizagem escolar.
Muszkat afirma que  

 (…)com seis ou sete anos ocorre um fenômeno muito importante: a lateralização das funções cerebrais, ou seja, a especialização de um lado do cérebro. A lateralização mostra que houve o amadurecimento cerebral para lidar com símbolos que tenham a ver com a linguagem, como as letras. Sinal de maturidade cerebral.
Hoje sabemos que os estímulos adequados a cada faixa etária promovem maior número de conexões sinápticas, além de criar as conexões certas para a aprendizagem, mas é preciso saber como se dá a maturação neurológica para que se possa estimular adequadamente essas conexões e assim não causar prejuízos ao processo de aprendizagem.
Segundo Pantano e Ferreira (2010), uma estimulação em tempo inadequado pode causar tantos danos quanto a ausência de estimulação. Crianças que “pulam” estágios de desenvolvimento encontram dificuldades enormes para recuperar o que perderam.
Segundo a professora Silvia Colello, os exercícios mecânicos, as práticas insípidas, a falta de diálogo, as práticas discriminatórias que desconsideram a diversidade cultural na escola propiciam o fracasso escolar.
Para a professora, há uma lógica no não aprender que se apresenta nas dimensões cultural, social, pedagógica e política.
Dimensão cultural: Por que preciso aprender se na minha comunidade isso não é valorizado ou se a minha família não sabe ler nem escrever com ficarei perante ela? Cabe ao professor nessa dimensão se ajustar ao perfil cultural do seu aluno para compreendê-lo.
Dimensão social: buscar relações que promovam o bem estar dos alunos na escola.
Dimensão Pedagógica: o desafio está no ajustamento da metodologia ao processo cognitivo do aluno. Optar pelas práticas ativas que visam a construção do conhecimento.
Dimensão política: a valorização do saber, da escola e do professor. 
  Embora nos preocupemos muito com os alunos que apresentam dificuldades em  aprender há a necessidade de olharmos para aquele que aprendeu, mas que não valoriza esse aprendizado e em muitos casos não sabe aplicar o conhecimento na vida prática.
       Esta é uma questão para a reflexão pelos educadores de hoje, da era tecnológica, da sociedade do conhecimento, da criança multimídia, da lousa digital, das melhores relações entre o professor e os alunos, enfim para os educadores que fazem a diferença para os seus alunos.
DASTRE, N.M. Educação e Neurociência Cognitiva: a interação para uma educação inclusiva. Monografia. USP.São Paulo.2011 
[1] FOZ, A. Neurociência na Educação I. In Neurociência aplicada à aprendizagem. PANTANO, T. ; ZORZI, J.L. São José dos Campos: Pulso, 2009.p.171 
[2] PANTANO, T. Palestra “Neurociência Aplicada à Aprendizagem”. São Paulo. Congresso SABER 2011. 
[3] Mauro Muszkat é médico neurologista infantil e professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 

Aprender é modificar sinapses



por Suzana Herculano-Houzel
Retirado do site www.cerebromelhor.com.br
Você não lembra disso, mas um dia você não soube fazer algo tão simples quanto olhar um objeto e estender a mão para alcançá-lo por livre e espontânea vontade. Muita coisa mudou no seu cérebro desde então, e a capacidade que lhe permite hoje escrever seu nome, fazer coisas complicadas ao computador e dirigir seu carro tem nome: aprendizado.

Sem o aprendizado - ou seja, a capacidade do cérebro de mudar seus circuitos e modo de funcionar conforme suas próprias experiências são bem ou mal sucedidas, estaríamos fadados a viver com as funções com as quais nascemos, e nada mais.

O que exatamente acontece no cérebro durante o aprendizado? As sinapses, pontos de troca de informação entre neurônios, mudam. As que foram usadas com sucesso são fortalecidas, enquanto as que levaram a erro ou não serviram para nada são enfraquecidas, algumas a ponto de atrofiarem e desaparecerem. Além disso, novas sinapses também podem aparecer - e um estudo recente mostra que isso pode acontecer mais rapidamente do que se imaginava.

Em estudo publicado em novembro de 2009 na revista Nature, pesquisadores dos Estados Unidos testaram o aprendizado motor em camundongos e constataram que ele leva a uma rápida formação de novas sinapses no cérebro de camundongos adolescentes e até adultos. Tonghui Xu e colegas, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, estudaram camundongos de 1 mês de idade – considerados adolescentes – e outros de mais de 4 meses de idade, já adultos. Os animais eram colocados em gaiolas onde aprendiam a alcançar sementes através de uma fenda. Menos de uma hora depois de aprenderem a tarefa, já se encontrava um número significativo de novas conexões formadas entre neurônios do córtex motor do lado do cérebro responsável pelos movimentos aprendidos, mas não no córtex do outro lado, que não havia sido usado na tarefa. Esperava-se que a formação de sinapses novas levasse dias para acontecer. No entanto, o estudo de Xu e sua equipe mostra que o remodelamento estrutural das sinapses acontece quase imediatamente. Aprender, portanto, é mudar o cérebro – e na mesma hora.

Com o mesmo aprendizado, camundongos jovens ganharam mais conexões novas do que os adultos, sobretudo aqueles jovens que haviam aprendido melhor a tarefa. Mas pessoas de mais idade, não temam: os adultos no estudo também ganharam novas sinapses - apenas não tão rapidamente quanto os mais jovens.

Ao mesmo tempo em que o aprendizado leva à formação de novas sinapses, outras são perdidas: o resultado do aprendizado não é um aumento no número total de sinapses, mas uma mudança no conjunto de sinapses existentes. Em cerca de duas semanas, o número total de sinapses já está de volta aos níveis anteriores ao aprendizado – embora as sinapses agora sejam outras. Sinapses que já eram estáveis, que podem ser a base da memória motora duradoura, aparentemente não são perturbadas pelo aprendizado – o que ótimo: assim você não esquece como andar de bicicleta se começar a fazer aulas de dança! (SHH, 15/04/2010)

Fonte: Xu T, Yu X, Perlik AJ, Tobin WF, Zweig JA, Tennant K, Jones T, Zuo Y (2009) Rapid formation and selective stabilization of synapses for enduring motor memories, Nature 462, 915-9.